O Sindicato das Indústrias de Alimentação e Bebidas do Rio Grande do Sul- SIAB-RS, com apoio do Sistema Fiergs, promoveu nesta terça-feira (20) o webinar “Do Food Trends ao Comer com Ciência”, com o coordenador da Plataforma de Inovação Tecnológica do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) de São Paulo, Luis Madi. O evento foi um espaço de reflexão e troca de informações entre empresários da indústria de alimentos, especialistas, representantes de entidades do setor e pesquisadores.
“Vivemos um momento crucial para desmistificar os alimentos industrializados e conscientizar a sociedade sobre a ciência e a tecnologia que garantem sua qualidade e segurança. Mais do que informar, é hora de unir o setor produtivo gaúcho na valorização do alimento seguro produzido pela indústria alimentícia”, declarou o presidente do SIAB-RS, Marcos Oderich, na abertura do evento online.
Madi, uma das principais referências em ciência e tecnologia de alimentos no Brasil, atua há mais de 50 anos como pesquisador científico no Ital, vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). Durante o encontro, ele compartilhou os principais movimentos da indústria para acompanhar as transformações do mercado e reposicionar sua imagem frente ao consumidor. Entre os temas abordados estiveram as tendências globais do setor, o impacto da inteligência artificial e, principalmente, a urgência de retomar o protagonismo na narrativa sobre os alimentos processados.
Comer Com Ciência: uma resposta à desinformação
Um dos destaques da apresentação foi a iniciativa Comer Com Ciência, criada em 2024 como resposta institucional às críticas frequentemente dirigidas aos alimentos industrializados. A proposta é simples, mas ambiciosa: promover educação alimentar baseada em ciência e tecnologia.
A campanha surge como contraponto ao discurso difundido por classificações como a NOVA e à popularização do termo “ultraprocessado”. Para Madi, esse modelo apresenta limitações científicas. “A proposta é mostrar como o alimento é feito, com dados e ciência, de forma acessível e transparente”, explicou.
Ciente da necessidade de se comunicar com públicos cada vez mais digitais e jovens, a estratégia da Comer Com Ciência prioriza conteúdos curtos, visuais e objetivos, voltados para redes sociais como LinkedIn, Instagram e YouTube, mas sempre com foco na clareza e confiabilidade das informações.
A iniciativa mostra que comer bem é também comer com ciência. Neste novo momento, a ciência e a tecnologia dos alimentos buscam reconquistar a confiança da população com transparência, dados e, principalmente, diálogo. Um dos canais do projeto é o Instagram @comercomcienciaoficial, com produção de conteúdo voltada ao esclarecimento da população no dia a dia, voltada para um público mais jovem.
Diante da repercussão positiva, nasceu o evento homônimo, lançado em 15 de outubro de 2024, véspera do Dia Mundial da Alimentação: o Comer Com Ciência Experience. Com palestras de especialistas e muita interação, a proposta é mostrar, na prática, que informação baseada em ciência é essencial para uma alimentação equilibrada, coerente e consciente.
Outras iniciativas
Madi também compartilhou outras ações do Ital, que desde 2010 desenvolve o projeto Brasil Food Trends, dedicado a mapear mudanças no comportamento alimentar da população e orientar o setor produtivo. Ingredientes, embalagens, bebidas, panificação e confeitaria já foram temas tratados. Já o estudo Food Trends 2030 traz um recorte com foco em tendências reais para os próximos cinco anos. “Hoje, inovação é sinônimo de agilidade. Não projetamos mais tendências para dez anos. Cinco já é um desafio”, afirmou Madi.
Paralelamente, centros de inovação como o Tropical Food Innovation Lab vêm investindo em soluções como ingredientes saudáveis, com o objetivo de desenvolver tecnologias com potencial de transformação real, da indústria à mesa do consumidor, aproveitando o melhor da biodiversidade brasileira para inovar com excelência.
Outras iniciativas mencionadas no webinar incluem:
- Centro de Inovação e Desenvolvimento de Colágeno;
- Plataforma Biotecnológica Integrada de Ingredientes Saudáveis;
- Centro de Ciência para o Desenvolvimento – Soluções para os Resíduos Pós-Consumo (embalagens e produtos);
- Centro Avançado de Pesquisa em Economia Circular de Embalagens.